Bromélias

Shopping Ibirapuera, 10h20 da manhã, São Paulo. Poucas pessoas circulando, tenho certeza que isso vai mudar em questão de minutos. U...


Shopping Ibirapuera, 10h20 da manhã, São Paulo. Poucas pessoas circulando, tenho certeza que isso vai mudar em questão de minutos. Um homem me chama a atenção, então sento e fico observando-o. Uniforme verde, óculos, máscara de proteção, cabelo grisalho. Uns 57 anos. Trabalhando. As pessoas passam por ele e nem notam sua presença, notam apenas quando precisam desviar do carrinho (uma plataforma de ferro sobre rodas) em que ele está sentado. Seu trabalho é visto por mim, e por todas as flores dispostas no corredor. Bromélias. Este homem pega uma flanela, passa em cada folha de cada flor do corredor. São muitas. Ele faz isso com tamanha delicadeza, como se estivesse tocando o corpo nu de uma mulher pela primeira vez. Ele conversa com elas, com cada uma. O que será que diz?! Não consigo entender. Não sei com que frequência ele faz isso, nem se gosta de fazer. O fato é que se todas as pessoas que passam pelo corredor não o enxergam, as plantas sorriem visivelmente. Gratas?

2 comentários

  1. Eu acho que foi Manoel de Barros que disse que a beleza se no cotidiano. Sou péssimo em citações, mas se não for isso que ele disse, é exatamente isso que seu texto mostrou.

    Beijo!

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